Numa noite o rio passou (2009)

Direção Artística e Encenação de Laurinda Chiungue


Dois namorados: Isabel, contrabandista, está no lado de Espanha e quer passar o rio com a mercadoria metida na barriga. Robalo, o guarda fiscal, está em Portugal e tem ordens para atirar a quem passe. Estão os dois num impasse. O rio é que consegue essa proeza, de estar sempre em movimento estando sempre presente no mesmo local. A história deste espetáculo vai beber ao universo de Miguel Torga toda a essência da sua criação e ganha, através das palavras de Miguel Castro Caldas, a dimensão de uma nova visão de Torga.

O ESPETÁCULO NUMA NOITE O RIO PASSOU

Numa noite o rio passou, tem a particularidade de desafiar o teatro a celebrar uma linguagem física do texto, que permita ao espectador construir a dimensão do espetáculo através da fruição despoletada pela interação e fusão estabelecida entre a palavra e o movimento. Do jogo sensível entre o texto e o movimento, surge o conceito de teatro físico. Este, é geralmente usado para descrever qualquer forma performativa, que se dedica e se baseia na construção de uma linha dramatúrgica assente essencialmente na fisicalidade do corpo; que explora um texto pré-existente, em que o foco principal recai no trabalho físico do intérprete. A expressividade através do corpo ganha importância. Esta importância é, em Numa noite o rio passou , simultaneamente simbólica, e não se trata de uma mera demonstração, constatação ou exposição da relação do que o objeto artístico dá ao texto, ou o texto ao corpo; nem só que o corpo representa o texto. A noção de teatro físico aparece aqui, na medida em que partimos de Miguel Torga para chegar ao movimento da intérprete, visando explorar e experimentar a força da dimensão visual, psicológica e humana da criação, através da união entre duas formas de expressão simultaneamente distintas e próximas (o movimento que tece a palavra pelo teatro e a palavra que o movimento tece); temos o teatro chegado ao corpo, que passa a ser escrita e poesia em movimento. E o movimento, enquanto lugar que permite ir além da palavra dita, lugar em que a palavra trabalhada no corpo, estabelece o desafio de alcançar uma plenitude interativa, tornada real, é potenciado pela conjugação de linguagens.


Ficha Técnica

Direção Artística e Encenação: Laurinda Chiungue

Intérpretes: Maria Radich , Miguel Eloy

Produção Executiva: Cristina Tasqueira

Assistência à Encenação: Laura Frederico

Desenho de Luz: ARTICACC

Música e Sonoplastia: André Nascimento

Cenografia: Pedro Frutuoso

Fotografias: Sandra Ramos


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